Momento Nostalgia. Avô e Neto e os peixes lambari e traíra.

Momento Nostalgia. Avô e Neto e os peixes lambari e traíra.

Dentre as muitas espécies de peixes que temos, o lambari (também conhecido como piaba) e a traíra sem sombra de dúvidas são as que mais imprimem alguma memória afetiva em boa parte dos brasileiros. Já postamos aqui no Blog todo o significado cultural e a importância econômica da tainha para algumas comunidades ribeirinhas (clique aqui), tem ainda o pirarucu para a região amazônica, a manjubinha para o litoral sudeste, a ginga para o litoral nordeste, a piraputanga para o pantanal, mas ..., muito provavelmente o lambari e a traíra superam todas estas espécies. 

O fato de estarem presentes em todas bacias hidrográficas e em todos os estados do Brasil, inclusive em rios de água salobra, ajuda bastante. No entanto, são as características peculiares destas espécies que conseguiram imprimir recordações afetivas em muitas pessoas. Opa, exceto pra quem já teve a infelicidade de levar uma mordida dos pontiagudos dentes da traíra. Aí com certeza a recordação não é das boas.

Por que tantas pessoas guardam recordações do lambari e da traíra?

No caso do lambari, sempre abundante nos rios, córregos e lagoas, são grandes as chances de ter sido o primeiro peixe pescado quando criança, via de regra no sítio dos avós, de um tio ou parente próximo. Seja com uma varinha de bambu equipada com linha e anzol, de peneira ou até mesmo de covo (armadilha), a pesca do lambari sempre foi um programa divertido. 

Enquanto que no caso da traíra seria mais a questão do sabor único da sua carne, atrelado ao ritual da pesca noturna seguido do imediato preparo e consumo, acompanhado sempre de um belo limão rosa ou cravo.

E tem ainda a recordação casada, onde a pesca de lambaris se dava para em seguida  usá-los como isca na pesca da traíra. No final sempre sobrava alguns e aí saía aquela fritada de lambari + traíra. 

Lambari e traíra são bons para comer? Quais as características das carnes destes peixes?

Pode até não parecer, mas a carne do lambari é rica em lipídeos. Mas é uma gordura saborosa, já que apresenta equilibrada relação entre os ácidos graxos ômega 3 e ômega 6. Inclusive o “óleo de lambari” é bastante utilizado na cultura e na medicina de algumas tribos indígenas. Existe uma tradição dos índios em capturar lambaris durante a piracema, quando a captura é fácil e eles estão mais “gordos”, em seguida fervê-los em grandes latas e com uma espécie de concha ir tirando a “espuma” que forma na superfície. Em seguida está “espuma”, que na verdade é uma mistura de gordura + água, é refinada em fogo baixo e em recipiente menor. A água evapora e fica o óleo puro de lambari. Este óleo é cuidadosamente guardado tanto para ser usado na culinária quanto também na medicina indígena. Isto é um belo indicativo do quanto a gordura do lambari é rica. 


Como preparar Lambari?

O lambari apresenta pouco rendimento de carne, por isto a principal forma de preparo é inteiro, sendo empanado na farinha de trigo ou fubá e em seguida frito em óleo bem quente. Pra quem aprecia uma cachaça ou cerveja, uma combinação perfeita. 

Saiba mais sobre o Lambari

Como preparar a Traíra?

Já a traíra possui carne extremamente magra. É difícil de encontrar até mesmo a tal da gordura abdominal na traíra, que é bem comum em outras espécies. Isto se deve ao fato das traíras terem um baixo custo energético para sua sobrevivência. Além de preferirem águas calmas, a traíra é um peixe que passa a maior parte do tempo parado no fundo. Só gasta energia para curtos deslocamentos ou para dar o bote com vistas a abocanhar sua presa. Ainda sim um bote curto, pois é um carnívoro de tocaia que, ao se camuflar junto a troncos ou no fundo das lagoas, espera sua presa passar bem à frente. 

Carne magra, bem branquinha e de sabor marcante. Mas, tem um porém: muitos espinhos. Mesmo assim, seu sabor único prevalece e quem prova uma vez acaba querendo provar outras vezes. Até porque, é relativamente fácil contornar o problema dos espinhos, onde se usa a técnica de cortar em postas finas ou cortar em postas grandes e em seguida “ticar” (retalhar em cortes mais finos) para quebrar os espinhos. 

Saiba mais sobre a Traíra

Lambari e traíra são espécies cultivadas?

No caso do lambari, sim. Já existem protocolos bem definidos tanto para a reprodução em laboratório quanto relacionados às técnicas de cultivo. Podem ser criados comercialmente em tanques escavados na terra, em tanques-rede instalados em grandes reservatórios ou em tanques elevados dotados com sistema de recirculação de água (RAS). Atualmente a maior parte da produção de lambaris se destina ao mercado de iscas vivas para a pesca esportiva. Mas o mercado para petisco vem crescendo e até mesmo máquina para eviscerar o lambari já existe.

No caso da traíra, por se tratar de um carnívoro territorialista, não há cultivo comercial específico. É comum encontrar algumas traíras por ocasião da despesca nos cultivos de pacu, de tilápia, de pintados, entre outras espécies, mas acaba sendo um “cultivo acidental”. Seguramente mais de 95% das traíras consumidas em bares e restaurantes são provenientes da pesca comercial.

Curiosidades:

Uma curiosidade sobre o vocábulo “traíra”: Por ser um peixe carnívoro que tem preferência por locais sombrios e possuir hábitos noturnos, o termo “traíra” também é utilizado como gíria no Brasil para designar pessoas traidoras, que agem nas sombras e de maneira sorrateira para delatar ou prejudicar colegas. 

Uma Curiosidade sobre o lambari: por ser uma espécie com alta taxa de fecundidade, ciclo rápido e que se adapta bem em condições laboratoriais, é uma espécie bastante utilizada em pesquisas científicas com diferentes propósitos. Desde de testes toxicológicos até experimentos envolvendo “barriga de aluguel”, onde através de um processo conhecido como “propagação mediada”, pesquisadores pegam as células reprodutivas de outras espécies e transplantam para o lambari. Surpreendentemente, essas células se adaptam ao corpo do lambari, se desenvolvem e produzem espermatozoides e óvulos a partir do material que foi implantado nele. 

Curiosidade sobre traíras e lambaris: Quando no campo se forma uma nova lagoa, seja através de nascente de água ou por um período chuvoso longo, lambaris e traíras são os primeiros a povoar este novo ambiente. Isto se deve ao fato dos ovos destas espécies serem aderentes. E então que as aves aquáticas, especialmente as garças, acabam levando os ovos de um lugar para outro. 

 

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